NÓS E NOSSA QUERIDA KK

 

Karina era chamada de “Kakaseira” porque fazia muitas kakas.
Era levada da breca e muito engraçada.
Nos deu muitos sustos e imensas alegrias.
Dizem que não existem animais de luz,
mas ela, com certeza, era a luz da nossa vida.

Antepassados
A
credita-se que um pequeno animal que vivia em árvores, há muito extinto, foi o antepassado do gato - o Miacis.
Ele também foi provavelmente o ancestral do urso, da doninha, do guaxinim, da raposa e do coiote. Viveu há cerca de 40 milhões de anos, tinha o corpo comprido, um rabo maior do que o corpo e pernas curtas. Tinha provavelmente as unhas retráteis como o gato.
O gato doméstico é primo distante de outros felinos e guarda características em comum com os grandes felinos selvagens.
No Antigo Egito os gatos eram adorados devido a sua associação com a Deusa da Lua, Pasht, de cujo nome acredita-se ser derivada a palavra "puss", que significa "bichano" em inglês.
Os romanos, quando invadiram e dominaram o Egito, adotaram o culto a Deusa Bast e seus gatos foram também perpetuados em estátuas, murais e mosaicos. Tinham grande apreciação pelos gatos, e os retratavam como símbolo de liberdade.

No século XIX o gato foi exaltado nas artes por grandes nomes como, Victor Hugo e Baudelaire.

Os estudiosos fazem uma correlação entre as idades dos gatos e do homem, que fica assim:

GATO HOMEM
6 meses   14 anos    
1 ano   16 anos
3 anos  20 anos
6 anos  30 anos
8 anos  40 anos
9 anos  50 anos
10 anos    60 anos
13 anos     70 anos
16 anos     80 anos
20 anos     90 anos


Por razões diversas resolvemos adotar um gatinho e a escolha foi casual e muito feliz para nós e, acreditamos, para ela também.
Era uma gatinha Siamesa, com 2 meses, nascida em abril, e que viveu conosco por 12 anos. Foram 12 anos de pura felicidade para nós.
A seguir, conto a história de KK da forma como ela me vem à cabeça, talvez não na ordem cronológica exata, mas com certeza, bem aproximada.
Ao final, dou alguns dados sobre os gatos, que podem ser interessantes e úteis.
E, acreditem, dói muito quando o animalzinho de vai, especialmente se precisa ser sacrificado.
Confesso que até hoje não me conformo com o sacrifício dela, mas a metástase do câncer já havia tomado seus pulmões e nada havia a fazer.

Escolha na loja

Estive numa loja no centro da Cidade e havia um gatinho siamês no meio de outros três, o qual me chamou a atenção.
Olhei com cuidado e procurei marcar qual o bichano que havia gostado.
Falei com a Carla e marquei encontro com ela na loja, tendo ficado de fora esperando ela olhar os gatinhos.
Para minha surpresa ela escolheu o mesmo siamês que eu havia gostado.
Tirado da gaiola onde estavam todos, ele (ela) chegou-se logo a nós e começou a se esfregar e miar, como que gostando de quem a olhava e coçava a sua cabeça.

Casa

Levamos a gatinha, ainda pequenina, com uns poucos meses, para casa e compramos imediatamente os comedouros, ração, caixa plástica com areia higiênica, etc.
Ela, curiosa, andava pela casa toda que devia parecer-lhe enorme.
Brincava com qualquer rolinho que aparecesse ou qualquer outra coisa que fizesse um barulhinho e rolasse pelo chão.

Era muito alegre e parecia feliz.

Veterinário

Levamos Karina ao veterinário que a examinou e disse que gozava de boa saúde e que estava com os intestinos cheios.

Coco

Ela estava dentro de uma caixa de arquivo com uma camisa da Carla para sentir um cheiro já conhecido.
Na volta do veterinário a coisa estava esquisita e a caixa ficou pesada de um lado apenas, quase caindo da minha mão.
O cheiro também estava esquisito.
Abri a caixa para ver o que acontecia e ela havia enrolado a camisa de um lado da caixa e feito coco do outro. Com o balanço do carregar ela havia se sujado e deu um trabalhão para limpá-la quando chegamos em casa.

Janela

Em casa ela andava por todo lado e adorava subir no parapeito da janela o que nos preocupava.
A vizinha tinha um cachorro Poodle que latia muito e, por duas vezes o cãozinho ficou apavorado com aquela coisinha pequena que entrava pela janela e mexia com ele.
Karina ia pela janela e entrava na casa da vizinha, mexendo com o cachorro. Era muito engraçado.
A vizinha tocava a campainha lá em casa e pedia para resgatarmos o gatinho.

Caiu da janela em laranjeiras

O passeio na janela só deixou de ser engraçado quando, uma noite, acordamos de madrugada sentindo a falta dela.
Procuramos pela casa toda e KK tinha sumido.
Desci e olhei nos pequenos parapeitos dos andares inferiores para ver se ela havia caído em um deles; conversei com o porteiro e ele disse que não havia visto nenhum gato caindo de janela.

Gato brabo

Mas, um gato das redondezas, miava muito forte no estacionamento, como que brigando com alguma coisa.
Esse gato miava alto reclamando muito não se sabia de que.
Sob a nossa janela havia uma camionete Santana e mais à frente alguns carros, entre eles um Ford Escort vermelho ou dourado – não me lembro bem – e o danado do gato rondava o carro e brigava com alguém ou com alguma coisa.
Lá pelas três horas da manhã, insone, resolvi descer de novo, com outra lanterna e fui até o Escort olhar embaixo dele. A princípio não havia nada até que, entre o motor e a grade de proteção do cárter vislumbrei o que parecia ser uma bola de pelos: achei!
Espantei o maldito gato com uma vassoura e entrei sob o carro e, depois de pedir à Carla para descer e ajudar, consegui pegar uma perninha dela. Não soltei mais e acabei conseguindo puxá-la para fora daquele espaço exíguo; ela estava toda suja de graxa e muito traumatizada.

Traumatizada

Subimos com a KK, a limpamos como pudemos e colocamos um edredom no chão, ao lado de nossa cama para aquele animalzinho com os olhos vidrados de medo e que nem se mexia.
Demos água a ela por uma seringa de injeção e aguardamos o amanhecer.

Ficou torta

De manhã cedo, levamos a KK ao veterinário que disse que nada havia se quebrado e que seria questão de tempo até ela se recuperar.
Demos água e comida na boca, como foi possível e, só quatro dias depois ela começou a recuperar todos os sinais vitais e andar pela casa.
Foi um susto!
Tempos depois ela mostrou as seqüelas do tombo, ficando com a coluna vertebral torta para um dos lados.

Subir na cama

Por essa época ela começou a querer subir na cama, pelo lado da Carla e se aninhar aos pés dele. Mas, quando ela se chegava a mim e eu a botava para correr: ela tinha a cama dela e era lá que devia dormir.
Carla só ria.
O arrependimento veio tempos depois, quando percebi quanto tempo perdi sem os carinhos e chamegos dela.

Comida

Desde pequena que ela escolhia suas rações: gostava de algumas e não gostava de outras.
Patê de whiskas só de peixe, galinha e carne.
Ração sólida só algumas, de preferência Royal Canin. Gato chique!

Caixinha

A “caixinha” com areia higiênica foi freqüentada por ela desde pequenina.
Engraçado como os gatos instintivamente procurar a caixinha para fazer suas necessidades.

Água

Quando a água não estava fresquinha ela ficava nos olhando até que entendêssemos e trocássemos a água por outra fresca.
Fantástico como entendíamos o que ela queria.

Geladeira

A geladeira aberta era o ponto predileto dela. Sentava em frente à porta aberta e apreciava aquele ar frio. Custava a sair dali.

Anda na cabeça

Carla acostumou KK a andar deitada sobre seu ombro esquerdo, como se fosse um papagaio.
A partir daí ela passou a subir na cabeça e ficar se coçando e comendo cabelo. Principalmente se ele estivesse molhado.
Cabeça molhada era o local predileto dela.
O perigo era quando a Carla se distraía e KK pulava do chão para a cabeça dela. Se errasse o pulo, era arranhão nas costas...

Dormindo

Colo

Comigo ela ficava no colo. Eu a pegava com o braço esquerdo sob suas patas e ela se aninhava ali, passeando por todo lado.
Lembrava-me quando meu filho Pedro era recém nascido e ficava também encaixado perfeitamente na curva do meu braço esquerdo.
Aliás o “barato” era a cara de importante que ela fazia quando estava no nosso colo. Realmente engraçada a expressão dela.

Deitar na Carla

Deitar era algo que a Carla, quando fazia, tinha logo companhia. A KK pulava em cima dela e se aninhava no peito e dormia a bom dormir. Bastava uma se aquietar que a outra vinha correndo, deitava e dormia também.
O problema era o verão: quando fazia muito calor ela preferia deitar ao lado; no inverno, nem precisava deitar, bastava sentar em algum lugar que ela pulava no colo em busca do calorzinho do humano.

Olhar doce

Isso era algo que nos deixava entorpecidos de carinho.
A expressão dela de amor era realmente inacreditável.
Ela mudava a cara de acordo com o que queria.
A cara de zangada era assustadora, pois sabíamos que podia arranhar-nos; morder ela não mordia, por alguma razão que nunca soubemos, ela fazia o gestual de morder mas não fechava os dentes com força, apenas fechava a boca e, depois de fingir que mordia, dava uma lambidela.
Agora, você não podia puxar a mão senão se arranhava nos dentinhos afiados.
As expressões dela eram bem diferentes de acordo com a ocasião. Elas indicavam o que ela queria expressar. Incrível como ela era clara ...

Temperamento

O temperamento de KK era doce e manso.
Ela gostava de brincar, era muito alegre e só queria ficar colada conosco.
Para aqueles que dizem que o gato gosta da casa dele, KK demonstrava muito claramente que gostava mesmo era de nós e de estar no colo; se pudesse o colo da Carla; se esse não estivesse disponível, servia o meu mesmo!
Era engraçado, mas era isso mesmo.

Brincar de esconder

Era uma das brincadeiras prediletas dela.
Um de nós se escondia e chamava; ela vinha pé ante pé e ficava olhando para o local onde estávamos escondidos, às vezes por longo tempo; aí quem se cansava de esperar éramos nós que aparecíamos gritando: “achou!”
Umas poucas vezes nos escondemos em local que ela não conhecia e ela ficava embatucada procurando. Acabávamos fazendo um barulhinho para ela nos encontrar.
Ela sempre mostrou muita satisfação nessa brincadeira.

Tomar banho

KK adorava tomar banho. As reações dela demonstravam claramente o prazer que ela tinha no banho.
Carla cuidava disso.
Entrava no chuveiro, abria o chuveirinho morno e ficava brincando com ela, lavando, passando o xampu e enxaguando.

O que ela reclamava era quando lavava “as coisas”; quando molhava aquela área e ensaboava, ela reclamava bastante.

Depois vinha para meu colo que a esperava com uma toalha de banho vermelha, exclusiva dela, para secá-la.
A operação secar era complicada pois a bichinha tinha medo do barulho do secador de cabelos e, aí, era na toalha mesmo.
Eu sempre procurava um local ensolarado – tinha que ser num dia quente – para ajudar na secagem. A escovava bastante antes e depois de ela terminar a operação “lambe pelo”.

Contar o banho

Depois disso tudo vinha a parte chata da coisa.
Ela ia até a porta do banheiro e miava alto, como que “contando” que tomou banho.
Era sempre a mesma chatice. Miava, contando, miava, contando...

Não castrou

Por alguma razão nunca a esterilizamos.
Não sei, hoje, qual teria sido essa razão.
O cio dela era pequeno, não soltava líquidos e bastava dar uma gota de Muricalm que ela ficava normal, parando de se esfregar e gemer no chão.
Era como se sofresse de uma cólica forte que a levava a se contorcer no chão e bastava uma gota do remédio para tudo se acalmar.

Pular janela

Depois que nos mudamos para a Tijuca, nosso quarto tinha uma janela grande que ficava paralela à cama, dando para a varanda.
A moleca ficava no pé da cama, fazia os cálculos e pulava dali para o parapeito da janela e vice-versa. Quando estávamos dormindo e ela dava aquele pulo da janela para a cama, fazia barulho e era um susto!
No calor, o parapeito da janela era um dos locais prediletos dela pois sempre corria alguma ventilação naquele local e ela se deixava ficar preguiçosamente deitada.

Cortar unha

Xi! Não era um dos programas favoritos dela.
Era preciso Carla segura-la firme para eu cortar as unhas com a tesoura especial.
Depois era o sofá quem sofria com o re-afiar de unhas no mesmo.

Tomar remédio

Também não era uma coisa simples.
Ela não gostava e, no pouco tempo que viveu tomou muitos remédios. Eu a segurava pelas patas, com as costas no meu peito, às vezes com força e Carla forçava o remédio boca adentro, com uma seringa.

Miado

Como todos os gatos, o miado indicava o que ela queria: se chamava, se reclamava, se contava alguma coisa, etc

Andar no corredor

Na nossa casa na Tijuca tinha um corredor grande e, como ela não saia de casa, aquilo era um local misterioso a ser explorado.
Assim, de vez em quando, eu saía e ia andando de costas na frente dela que vinha com os quartos abaixados (sinal de medo) olhando e cheirando tudo. Ia até o vizinho e, qualquer barulho corria de volta para casa.

Medo barulho

Ela sempre teve medo de barulhos altos, fogos de artifício, etc.
Corria e se escondia embaixo da cama ou dentro do armário.
Não podíamos ficar com ela no colo caso imaginássemos que fossem espocar fogos. O pulo que ela dava era com todas as “mil” unhas de fora para correr e se esconder.
Por isso, quando ela tomava banho não podíamos usar o secador de cabelo para secar-lhe o pelo.

Ar condicionado

Ah! Isso ela adorava.
Bastava eu ligar o aparelho de ar condicionado que ela corria para a frente dele e ficava farejando o ar que saía do mesmo e depois se deitava em frente ao mesmo.

Se brigássemos

Todos os casais têm eventual desentendimento.
Quando isso ocorria, ela miava zangada e metia-se entre nós, como a querer apaziguar a questão e impedir que a coisa continuasse.
Aliás era a atitude dela que muitas vezes nos levou a mudar o tom de voz e a encerrar uma questão.

Passear de carro

Como ela pouco passeava de carro, era um programa que não a atraía muito.
Ela miava e andava pelo carro todo sem sossegar nem ter prazer aparente no passeio.

Criança

Temos uma afilhada, Mariana, que enquanto era muito pequenininha, a KK gostava de se deitar do lado dela e ficar de guarda, como aliás fazem os animais.
Quando Mariana começou a crescer, pegava a gatinha puxava o pelo, enfiava o dedo no olho, etc; fazia aquelas coisas que crianças pequenas fazem com os bichos.
Mas, ela não gostou muito das brincadeiras e quando Mariana chegava à nossa casa, ela se escondia e não queria nem mesmo nosso colo.

   

Visita Borges

O Dr. Jose Carlos Borges é nosso amigo há uns 20 anos ou mais. É um conceituado médico endocrinologista que não tem intimidade de animais.
Uma das vezes em que esteve em nossa casa, KK percebeu que ele tinha medo dela e começou a mexer com ele, passando pelas pernas, pulando no sofá onde ele estava sentado: e ele se mandava...
Foram cenas cômicas que muito divertiram a todos, menos a ele, é claro.

Pedro

Meu filho Pedro tem 26 anos e adora animais. É daquelas pessoas que chama um bicho na rua e ele atende. Não tem medo nenhum e chega a ser temerário no trato com animais que o respeitam muito.
Tem um gato branco e preto chamado Roy, mais velho que a KK e que é o xodó dele. Mas, o dono do Roy é Regina, a mãe dele ( como se sabe, é o animal que escolhe o dono).
Pedro sempre cuidou da KK com carinho mas nunca se viu uma amizade especial entre eles, para minha tristeza que gostaria de vê-los sempre agarradinhos.
KK, quando ele se dispunha, ficava um pouco no colo dele, sem reclamar.

Alfredo

Alfredo é meu enteado, filho da Carla, tem 30 anos e não tem a menor intimidade com animais. Quanto mais longe, melhor.
Mas, gostava muito da KK e, meio sem jeito, procurava brincar com ela, à maneira dele.

Outras visitas

Ela não se incomodava com visitas, salvo se fosse de crianças.
Para algumas visitas ela se chegava e se esfregava nas pernas ou até pedia colo, excepcionalmente.
Um dos casos engraçados com visitas, foi quando uma equipe do Sportv, com a Glenda Koslovski esteve em nossa casa para fazer uma matéria sobre o autorama, entrevistando a mim e ao Pedro.
Quando acabamos de gravar no quarto que servia de oficina e voltamos para a sala, lá estava a KK brincando com um dos ajudantes; ela subia nas pernas dele e escorregava até a caixa das câmeras..

Viviane

Vivi era uma bela morena, veterinária, que cuidou da KK por vários anos.
Vacinas – que não obedecíamos corretamente os períodos – exames, etc, eram feitos e comandados por ela.
Ficamos muito satisfeitos com o atendimento dela.
Só temos reserva quanto ao gânglio mamário que estava muito inflamado e ela passou uma medicação – aliás correta – quando deveria ter pedido exames para constatar se era tumor; e, era tumor, dos grandes.

Câncer mamas

Depois de tratar do gânglio mamário inflamado, começamos a notar diversos caroços na barriga da gatinha, que, todavia, não doíam pois ela não ligava.
Levada a outro veterinário, foi constatado que eram diversos tumores e que deveriam ser operados.

Mauro

Foi quando pesquisamos e conhecemos o Dr. Mauro, um veterinário de boa cepa e da maior capacidade, com uma grande clínica no Grajaú.
Depois de examinar cuidadosamente a KK ele a mandou para radiografia e ultra-sonografia que constataram o pior.
Uns dias depois levamos a KK para a clínica e foi feita a cirurgia, delicada, que a abriu do peito ao final da barriga, retirando a cadeia mamária e todos os nódulos que ali estavam.
Era uma cicatriz grande e feia que nos deixou assustados.

Recuperação

Para nossa surpresa, a recuperação dela foi rápida e algum tempo depois o pelo já cobria a cicatriz, quase desaparecida.
Mas, o primeiro dia depois da cirurgia nos deixou em pânico.
Como ela era sensível a remédios, custou muito a sair do estado anestésico e ficou com poucos movimentos. Nós dávamos comida na boca; água via seringa; levávamos até a “caixinha” para fazer as necessidades. Enfim, um trabalhão.
Foi quando a Carla teve a grande idéia de cortar a ponta do uma das minhas meias, fazer dois furos laterais e vestir a KK como se fosse um suéter.
Isso a manteve aquecida e segurou a barriga no lugar, dando-lhe grande conforto. Era visível que ela se sentia bem com aquela meia servindo como uma faixa em sua barriga. E servia também para que ela não lambesse nem arrancasse os pontos.
Quando a levamos para revisão, o veterinário disse ter gostado demais da idéia e que isso realmente a ajudara na recuperação.

2º câncer

Poucos meses depois notamos que quando a pegávamos no colo ela reclamava de alguma coisa.
Examinei-a e constatei que havia um novo caroço sob a pata dianteira esquerda.
Levamos ao Dr. Mauro e ele disse: “Acho que é um carcinoma violento pois em apenas 4 meses está deste tamanho; preciso opera-la ontem; hoje já está tarde”
“Posso opera-la ainda hoje?” perguntou.
Concordamos com a cirurgia, a segunda em 4 meses, sem saber o que havia sob a pele dela.
Foi retirado um enorme tumor e lá fomos nós para aquela já conhecida luta pela recuperação dela.
Mais uma vez entrou em cena a conhecida meia (minha) cortada que segurava a barriguinha dela e duas vezes ao dia colocávamos remédio em spray além de dar o antibiótico de 12 em 12 horas.
Essa recuperação foi um pouco mais lenta até por que a anestesia havia sido mais forte.
Mas, dali a pouco lá estava o nosso bichinho tão querido correndo e brincando, embora já não fosse a mesma, o que notamos.

Dificuldade respirar

Algum tempo depois notamos a imensa dificuldade dela em respirar: já não brincava nem corria, apenas ficava deitada num canto com muita dificuldade respiratória e a respiração era abdominal e pesada.
O estômago também estava pulando e as reações dela eram estranhas.
Demos remédio para a digestão para ver se melhorava, mas ela estava vomitando seguidamente.

Última viagem carro

Foi quando, numa terça-feira de tarde, dia 13 de março de 2007, eu a levei ao Dr. Mauro para ser examinada.
Coloquei a caixa de transporte no banco traseiro do carro e abri a porta. Ela pulou para o banco dianteiro, ao meu lado e fomos “conversando” até a clínica. Lá chegando, quando eu estacionei, ela simplesmente entrou na caixa e esperou eu fechar a porta.

Exame clínico e radiológico

O exame mostrou que ela estava com muito líquido entre a parede e o pulmão, o que a impedia de respirar.
As idéias eram retirar o líquido, verificar se ela respiraria normalmente – o que geralmente acontece logo após a retirada de líquido – e verificar o comprometimento dos pulmões.
A primeira tentativa de retirar o líquido foi mal sucedida e ela quase sufocou; o médico precisou sedá-la para a segunda tentativa; mas, a partir daí ela só respirava com auxilio de oxigênio.
Os olhos estavam turvos e ela, muito caída, tinha muita dificuldade em se manter respirando.

Difícil decisão

A conselho do veterinário Mauro, o estado dela, mais os pontos brancos que apareciam na radiografia dos pulmões, davam a entender que a mesma estava em grande sofrimento e que a metástase era certa.
KK sofria e vivia e respirava com muita dificuldade.
Conforme ele já havia demonstrado antes, era contra sacrificar qualquer animal, a não ser que não houvesse solução. A eutanásia só em ultimo caso.
Nos chorávamos copiosamente sem saber que decisão tomar, uma vez que havia uma chance de que ela se recuperasse depois de drenado o líquido que havia em volta dos pulmões.
Mas, como ela já havia sofrido um principio de sufocamento, só com a tentativa de fura-la para retirada de líquido e, depois de sedada seu estado piorou muito, Mauro achava que era necessário não deixar a pequenina sofrendo. Esclareceu, ainda, que podia ser retirado o líquido que podia voltar a ser produzido até em 24 horas; ou seja, era apenas prolongar sofrimento; dela e nosso.
Desesperados, não sabíamos o que fazer; que decisão tomar!
O bom senso dizia que era o sacrifício; o coração dizia que era tentar salva-la.
O que fazer? Como decidir.
Carla achou que o sacrifício era a única solução, eis que não queria deixar nossa KK sofrendo.
Eu não me decidia; era aceitava o sacrifício, ora queria apenas que se tentasse salvá-la de qualquer maneira.
E a dor que me atingia era intensa!
Finalmente, depois de muitos minutos de desespero, decidi pelo sacrifício.

Despedida

Falei com o médico através do vidro da sala de cirurgia e pedi a ele que abortasse os procedimentos que efetuava.
Ele voltou ao consultório e eu o informei de minha decisão de sacrificar a KK.
Após isso, entrei na sala de cirurgia e ela estava com o aparelho de respirar no focinho, pois sem ele sufocava.
Eu a abracei e beijei repetidas vezes; o respiradouro caiu e ela deu uma sofocadazinha e eu me apressei em coloca-lo de novo, mantendo-a respirando.
Ela estava sedada e seus olhos, sombrios e tristes, espelhavam seu sofrimento.
Não conseguia deixá-la na mesa de cirurgia, mas após longo tempo – que me pareceu pequeno – soltei-a e entreguei-a aos veterinários.
Foi meu ultimo contato com ela.
A dor que sinto até hoje é indescritível.

Só guardamos a escova dela

Saímos correndo da clínica que ficou encarregada de fazer os procedimentos finais bem como chamar a funerária que iria leva-la e crema-la. Nem pagamos os procedimentos, o que fizemos posteriormente.
Choramos muito na rua e, dirigi com dificuldade até nossa casa quando então, num arroubo de desespero ensacamos tudo o que era dela e levamos para a rua, onde deixamos a quem melhor uso fizesse.
Só guardamos a escova que eu usava todos os dias no pelo dela.
Uma caminha linda, de tecido florido, doamos para o botequim perto de casa, onde havia uma gatinha nova que poderia fazer bom uso dela.

Dor e saudades

Nos resta a saudade em que a dor se transformou.
O tempo cura tudo, diz o ditado popular e, enquanto ele flui, aquela imensa dor e solidão vai se transformando em saudade, imensa saudade.

Lembranças

Ficaram as lembranças dos bons momentos e de tudo aquilo que ela nos proporcionou.

Obrigado por ter existido.


OS GATOS

Alma dos animais

Segundo os espíritas, os animais não têm alma como nós os humanos, mas tem um princípio espiritual que sobrevive à morte do corpo. Segundo os espíritos disseram a Kardec, quando o animal morre, espíritos especializados recolhem esse princípio espiritual, que entra em letargia e é encaminhado para uma nova encarnação quase imediatamente.
Este princípio inteligente, que ainda não é um espírito, passará milênios incontáveis nesta condição, até chegar ao reino hominal, mas em mundos primitivos, onde o homem pouco se diferencia de um animal. Continua progredindo lentamente até adquirir consciência de si mesmo e desenvolver o livre arbítrio.

Visão espiritual

Se as pessoas não tiverem a visão espiritual em relação aos animais, que eles tem espírito e sentimentos vão continuar tratando esses seres como objetos, como era há pouco tempo atrás.
De acordo com a melhor doutrina, o ser humano tem o carma, o animal não. O animal tem consciência, mas muito mais restrita, em relação ao ser humano. Ele segue muito mais os seus instintos.
Então, como não tem carma, a eutanásia deve ser o último recurso utilizado; o veterinário deve fazer todo o possível para salvá-lo.
Se o animal estiver sofrendo muito e não existir outra maneira, o plano espiritual não condena, porque é um aprendizado tanto para o animal quanto para o dono que precisa tomar a decisão.

Nossa posição

As informações acima não refletem exatamente o que entendemos mas são um ponto para reflexão.
O importante é não maltratarmos jamais os animais.

Entendendo seu gato

Os gatos se utilizam na maioria das vezes, da linguagem corporal para dar suas mensagens. O que acontece é que um felino consegue entender perfeitamente o que o outro quer dizer, com um simples movimento na cauda ou uma leve mexida no bigode, mas seus donos não. Por causa disso, tem muita gente que não se dá bem com o gato como animal de estimação, pois acham que eles são traiçoeiros ou falsos. Mas tudo isso pode ser apenas uma má interpretação do dono por não saber reconhecer tanto os sinais do corpo como da voz dos felinos.
Os gatos se escondem simplesmente porque isso faz parte da sua natureza.
Se tiverem felizes e relaxados, os gatos demonstram isso fechando um pouco os olhos. As orelhas ficam mais voltadas para a frente e às vezes até emitem um ronronar.
Os miados, chamados também de sons vocálicos, são usados nos pedidos e reclamações.
Os murmúrios (ronronar), são usados em saudações e para mostrar contentamento. Os de alta intensidade, são o gemido de irritação, o guincho de medo e dor, o sibilo e o miado de acasalamento da fêmea. São sons altos e nem um pouco discretos.
O temperamento do gato é fácil de ser visto, devido ao seu comportamento. Um gato saudável é curioso e ativo. Ele se mostra seguro e carinhoso na presença de outras pessoas. Portanto, quanto mais ativo, mais saudável.

Alguns cuidados

- Não deixar alfinetes, elásticos, fios, percevejos, ou barbantes ao alcance do gato: se ele os engolir, ele pode sufocar-se, ou pior, ter perfurações de estômago e intestino!
- Fechar a tampa de sua lavadora, da lata de lixo e de sua caixa de costura.
- Se seu gato não responde ao chamado, procure-o dentro do armário : você poderá encontrá-lo confortavelmente instalado sobre seus preciosos pullovers de lã.
- Certas plantas ornamentais, que são seu orgulho, podem provocar problemas para seu gato : evitar o agárico, a mimosa, a borracha, o filodendro, o aurum, o açafrão, a macieira do amor, o louro rosa e a comigo-ninguém-pode.
- Na sacada, mantenha os olhos sobre ele : ele poderia muito bem considerar a fantasia de perseguir um pardal e de ultrapassar sobretudo a borda!

Fim

Era isso que eu tinha para contar.

Creiam que a tristeza pela perda de um animal é muito grande. Ele vai ficar fazendo falta na casa por muito tempo.

Alguns nunca mais querem outro animal, outros, como nós, optam por adotar, não um gato, mas dois...


Alf (ao lado) e Juju (acima)

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