O autorama foi criado pela ambição de pessoas de competir com modelos de carros lado a lado do mesmo modo em que corriam os carros reais.
Märklin carro elétrico guiado por um trilho de 1909
De maneira surpreendente pistas de autorama vinham sendo construídas desde antes da primeira guerra mundial, mas essas pistas eram brinquedos apenas para pessoas muito ricas. Muitas produções individuais e comerciais de pistas vieram depois da guerra e junto com elas um punhado de clubes para corrida gratuita, carros movidos a elástico e por mecanismo como os de relógios por uma razão ou outra nunca se tornaram um passatempo (hobby) popular. As coisas não estavam relativamente indo bem até o desenvolvimento de pequenos motores a diesel ou “glow-plug” para aeromodelos nos anos 30. Eles logo foram adaptados aos automodelos nos Estados Unidos, e corriam separadamente em um círculo de concreto amarrado a um resistente arame fixado a um poste central e o carro mais rápido dependendo do tamanho do motor era o vencedor. Os carros eram muito barulhentos e satisfaziam completamente os construtores, mas você ao menos teria que ter o carro mais rápido. Talvez um esporte não muito envolvente.
H.H Crooks no Handley Page M.E. Societies
Pista de carros amarrados por arames em Hendon 1947
Uma coisa que estava faltando era um método de corrida que permitisse que os carros pudessem correr uns contra os outros lado a lado, e o desenvolvimento de uma maneira de “prender” os carros a pista foi um trilho. Nos circuitos de concreto ou de madeira resistente foi colocado um metal em forma de “I” para cada carro acima da superfície da pista. Desse modo os carros eram presos a esses trilhos através de dois pares de bolas abaixo dos mesmos, as quais impediam que os carros “voassem” em qualquer direção e forçava-os a seguirem a trilha. Os carros de corrida ficaram muito mais excitantes para os pilotos e espectadores com quatro ou mais carros lado-a-lado, fazendo um barulho muito alto! Os dois “hobbies” foram popularizados no final doas anos 40 e início dos anos 50 através de páginas do The Model Craftsman nos Estados Unidos e Model Cars and The Model Car News na Inglaterra.
Carros movidos a diesel e conduzidos através de trilhos na Model Engineer Exhibition em 1951
O grande inconveniente desses dois esquemas de corrida era que uma vez o motor do carro ligado, você não tinha o controle do mesmo até o motor parar. Essa não foi a única razão pelas quais esse hobby desapareceu, e também não influenciou os praticantes em encontrar uma melhor forma de pilotar. A admiração por carros movidos a diesel começou a desaparecer, modelos movidos a eletricidade foram redescobertos. Talvez eles tenham sido esquecidos até mesmo porque a maneira de como funcionavam era muito diferente de uma emulação real, mas utilizando eletricidade ao invés de motores a diesel e controlando a corrente elétrica através de um reostato provou ser um método perfeito para a corrida de modelos lado-a-lado.
Carro movido a eletricidade e conduzido por trilhos patenteado em 1951 por Ivor Lewis
Carros movidos a eletricidade conseguiram uma grande popularidade no final dos anos 50 principalmente através de esforços da revista Britânica “Model Maker” onde vários experimentos foram divulgados. Pistas eram relativamente fáceis de serem construídas e o “hobby” lentamente ganhou novos seguidores. Entretanto havia alguns inconvenientes no modo em que era fornecida a energia elétrica aos carros, através de trilhos levantados acima da pista, e um método foi desenvolvido (não pela primeira vez!) que consistia em cortar um sulco na pista fornecendo a energia através de condutores planos em um dos dois lados. Esse aprimoramento foi adotado pela produção comercial de modelos de carros de corrida da Minimodels (Scalextric) e Victory Industrias (VIP Model Roadways) dos quais ambos chegaram as lojas em 1957 e tornaram finalmente simples, a pessoas de bom poder aquisitivo, obter facilmente modelos de carros de corrida. Levaram mais alguns poucos anos para que todos os praticantes de carros elétricos de trilhos aderissem aos carros elétricos de fenda, mas uma vez observada as vantagens era óbvio que o “hobby” era bom e havia realmente nascido.
Histórico do Automodelismo de Fenda (Autorama) no Brasil
No final da década de 50 e início da década de 60, os então automodelistas de competição com seus micro-modelos a controle remoto encontravam dificuldade na disputas, pois muitas vezes acabavam enroscados com os cordões umbilicais que ligavam os controladores (direção, aceleração e frenagem) aos seus micro-modelos. Baseados na observação do férro-modelismo, imaginaram criar a semelhança de trilhos, Fendas (Slots) que servissem de guia para a direção de seus auto-modelos; criaram inicialmente pinos fixos nos chassis para seguir a fenda, e os contatos eram fixados ao fundo dos mesmos chassis. Posteriormente, adotaram sapatas móveis (pickup-shoes) com os contatos, já com cordoalhas fixados nas mesmas, o que permitiria aos contatos permanecerem alinhados com as tiras de cordoalhas fixas ao longo da pista. Para a transmissão da corrente elétrica, introduziram duas sapatas flexíveis (lâminas de latão ou niquelina) que entravam em contato com dois trilhos metálicos ligados aos controladores, reóstatos, que eram manejados pelos competidores. O sistema foi aperfeiçoado com a adoção da sapata móvel e a instalação de cordoalhas na pista, em substituição aos frisos metálicos.
O automodelismo de fenda nasceu nos EUA sob o nome de Slot car e posteriormente com a industrialização do Japão recebeu o nome comercial de autorama. Sob licença passou a ser produzido no Brasil pela fabrica Estrela, mantendo a denominação japonesa e sendo divulgado como brinquedo. Com essa denominação o automodelismo de fenda quase foi jogado ao abandono das caixas de brinquedos em quartos de crianças. Em 1961, o autorama já era um brinquedo difundido nos Estados Unidos. Em Porto Alegre, alguns comandantes da Varig trouxeram a novidade para o Brasil. Na mesma época em São Paulo, o grupo de senhores, Felício Cavalli, Bié, Alfredo Araujo, Ewaldo Pacini de Almeida, José Alvares Moraes e outros todos do signo de escorpião começaram se interessar também pelo esporte e fundou a primeira escuderia, a "SCORPIUS" que treinava e competia numa pista montada num quintal do Brás. A pista foi feita com martelos e talhadeiras, os carrinhos eram preparados por eles mesmos. Em 1963 a loja Mobral Modelismo de São Paulo, começou a importar equipamentos e carrinhos de autorama, no ano seguinte a Estrela lançava seu primeiro autorama no festival realizado no DEFE, no qual Emerson Fittipaldi tiraria o terceiro lugar. Alguns pioneiros, que eram aotomodelistas de "carteirinha" entusiasmados com a oportunidade, iniciaram com a desculpa de "manutenção e testes" passaram a dedicar-se de corpo e alma ao novo ESPORTE-MODELISMO. Assim começaram a surgir casas especializadas.
Surgiram algumas pistas de competição amadoras, subseqüentemente algumas profissionais. Iniciou-se assim um movimento espontâneo de retorno às origens do automodelismo de fenda. Com isso pais e filhos passaram a dedicar-se juntamente com amadores e profissionais no desenvolvimento desse esporte modelismo. Nesses anos que convivemos com o lado esportivo tanto quanto com o lado modelista, aprendemos o valor da sua prática. O automodelismo, como todas as outras formas de hobbies, demonstraram a função catalisadora de co-participação e desenvolvimento socio-cultural de seus participantes, a importância significativa na formação do caráter e da personalidade de quem prática.
Como Funcionam
O autorama ou slot car, como é conhecido nos EUA, é um carro em escala 1/24 ou 1/32 que anda em uma pista de madeira, geralmente com 48m de comprimento, ou como foi mais conhecido no Brasil como o autorama residencial amador, com peças de encaixar de plástico. Os carros andam em uma fenda que possue duas cordoalhas e alimentadas com 13.8 volts de corrente continua (baterias).O carro em escala possue um guia para andar na fenda, chassis em aço, carroceria em lexan ou acetato, pneus de borracha relação de coroa e pinhão em aço e nylon, e motor elétrico de 13.8 volts (corrente continua) de escovas (carvões) e imãs permanentes.
Estes "carrinhos" nos seus modelos mais sofisticados chegam aos inacreditáveis 160 km/h !!! Estes carros necessitam de muito reflexo, em uma pista oficial com traçado "Blue king" de 48 metros, o recorde mundial de tomada de tempo, (dar uma volta completa no circuito) informatizado, é de 1.590 segundos !!! É o segundo esporte em reflexo perdendo apenas para a esgrima. Nas corridas quem ganha é quem der mais voltas, (com tempo determinado) revezando nas 8 fendas que as pistas tem, identificadas por cores que acompanham a cordoalha, Os pegas são eletrizantes
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